Por Cristina Muchanga ( Texto e Fotos ) e Estêvão Chavisso (vídeo)
Maputo, outubro – O sol ainda se esconde, mas Virgínia Francisco Sambo, 57 anos, já se levantou e tem a sua enxada pronta. A camponesa integra o grupo de voluntários composto maioritariamente por mulheres da Tzu Chi que está a cultivar uma área de pouco mais de um hectare em Maputo, uma iniciativa cuja produção é destinada a grupos mais vulneráveis.
“Aqui nós não plantamos apenas vegetais, plantamos compaixão. Este trabalho é para os outros”, explica Virgínia Francisco Sambo, com as suas mãos na terra.
São 62 mulheres e quatro homens que se juntam diariamente nas primeiras horas do dia em Maputo para cultivar a terra e a produção beneficia várias pessoas em situação de vulnerabilidade.
Virgínia faz parte deste grupo desde grupo desde 2014, quando, quase por acaso, decidiu seguir os passos de uma amiga que já era voluntária.
“O que descobri deixou-me com uma impressão profunda: pessoas a cultivar não para si próprias, mas para os mais necessitados”, declarou a voluntária.
Apesar da vontade de se juntar a esta causa altruísta, a vida nunca foi fácil para Virgínia. Perdeu os pais e alguns irmãos muito cedo, mas a comoção para com o sofrimento dos outros prevaleceu no seu coração.
Em 2023, Virgínia enfrentou mais uma dor quando o marido adoeceu e faleceu. O local de trabalho dele não ofereceu ajuda, e ela sentiu-se completamente perdida, sem saber como organizar o funeral ou sequer como sobreviver depois. Nesse momento de escuridão, a Tzu Chi interveio. Os voluntários cuidaram de todos os detalhes do funeral e permaneceram ao seu lado. Sem esse apoio, diz ela, não teria sabido o que fazer.
Para conseguir sobreviver, Virgínia começou a recolher e vender recicláveis para pagar a água e a eletricidade. Mas, à medida que mais pessoas passaram a fazer o mesmo, ela já não conseguia juntar o suficiente para cobrir as despesas. Eventualmente, a água foi cortada, e a vida tornou-se ainda mais difícil.
Em meio a tudo isso, a força que a mantém de pé vem da família, especialmente da filha Deolinda Fernando Moiane, a oitava filha. Deolinda também perdeu o marido e voltou para casa com os seus três filhos. Isso duplicou as dificuldades, pois Virgínia passou a cuidar também dos netos.
Apesar dos desafios, na missão conferida aos voluntários da Tzu Chi pela Venerável Mestre Cheng Yen, Virgínia encontrou um propósito.
“Eu encontro alegria e sentido no trabalho com a Tzu Chi, especialmente na horta. Eu vejo com os meus próprios olhos como os vegetais cultivados alimentam os idosos, as crianças e as pessoas com deficiência. Sem esta comida, as suas vidas seriam muito mais duras”, concluiu.
Actualmente, a Fundação Tzu Chi serve refeições quentes, para cerca de 1.900 idosos e moradores de rua na cidade de Maputo, além de mais de 4.000 alunos na província de Sofala.
A Tzu Chi Moçambique continua a semear amor, compaixão e solidariedade em cada província.
Com cada casa construída, cada criança alimentada e cada família fortalecida, reafirmamos o compromisso de servir com empatia e dignidade.
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